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sexta-feira, 22 de abril de 2011



Como se fosse de vidro.
Como se fosse duro, pedra.
Fechado e emotivo
Como se às vezes ferido.
Como se meu melhor amigo.
Como se meu inimigo intimo.
Como se fosse eu,
Como se fosse os outros.
Muito, fraco
Forte, tão pouco.


Sendo eu e ele
Ela e os demais.
Feito de sumidade e acalanto,
Para pertencer a critérios normais.
Como se hora fosse Notredame.
Como se hora fosse Narciso infame.
Desejado e odiado

Apaixonado, apático,
Calado, como quem não sabe dizer uma palavra.
Até que lhe dêem de comer,
Até que lhe apresentem a norma.
Até que escolha a própria forma.

Como se precisasse entender.
Como se passa-se da conta.
Pequeno, fragmentado
Enorme, tímido, sarcástico.
Louco, preso
Souto, intenso.
Feito na relação,
Constituído no tempo.


E pode-se até tentar
Mas como realmente negar,
Quem somos em verdade?
Se esse sou eu, e é você
É meu, e seu Ego.


Ass: Mamedes Júnior.

A Fome!

Sejam roupas ou egos,
Emoções ou verbos,
A fome não cansa de devorar!
Sem pressa de acabar
Nem principio básico
Para começar
A fome devora homens!
É devastadora, histérica
Sem noção da hora de parar...
E ela não quer!
Insaciável como a saliva
Que precede o prato de comida,
Inevitável como um estigma,
A fome devora sem cansar!
Come as paredes da barriga,
Bebe o mar dos pensamentos,
Cria devaneios soltos,
Dilacera sentimentos!
Carne ou concreto,
Dinheiro ou documento,
Ela devora sem querer saber!
Sem precisar entender!
A fome é de cartões de credito,
De pessoas ou de objetos.
E não sabe de nenhum “por que”.
A fome é do Édipo ou do cão,
Da alma ou do coração,
Alimentada por desejo,
Que mastiga e engole tesão!
Incitada pelo ensejo
Que vomita oração.
A fome é uma boca aberta
Na alma de quem acredita.
É uma ferida eterna
De cura paliativa.
Que dói e alivia
A fome é de tudo,
Esta em todos...
De Camões ou de comida,
A fome chega pra ficar.
Às vezes ela vai embora...
Mas sempre volta em seguida.

Ass: Mamedes Júnior

PRÓ-NOMES IMPESSOAIS 


Pró-nomes impessoais me interessa
Coisas simples me fascina
O bom senso do anormal
O bar de conversa sem obediência
O mau do mundo formal
O erro que constitui benevolência

Pró-nomes impessoais muito me interessa
Falhas típicas me encanta
A dúvida constante
O sabor do conflito
O fino véu da esperança
O prazer do pequeno delito

Pró-nomes impessoais,
Ah, pessoas comuns muito me interessa
A grandeza de suas pequenas proezas
O limite de suas pessoais sentenças
A pequenez de suas grandes atitudes
A ênfase de suas coletivas indulgências

Pró-nomes impessoais me interessa
Um alguém que na verdade,
Não pertença a ninguém
Um mundo de braços abertos
Uma vida com força
Um amor menos seleto 

Ass: Mamedes Júnior